sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

2010/2011

 
Pois é, acabou 2010, praticamente o fim da primeira década do século XXI (parece brincadeira). E eu tirei meu blog da sua longa hibernação de quase 6 meses apenas para esta postagem. Uma postagem lacônica, mas significativa.

Este ano que passou talvez tenha sido ao mesmo tempo o pior e o melhor ano da década para este escriba. Puro paradoxo. Depois da faculdade (1999-2003), do "triênio iluminado" (2005-2008), um mergulho sereno na escuridão por dois anos, as coisas parecem que voltam à luminosidade. Aquele estufar de peito com o mais puro e deleitoso ar de otimismo e auto-estima dá sinais de volta. Agora com outras perspectivas, um olhar mais sereno para si mesmo e para os erros e acertos cometidos. Banhado num caldo saboroso de leve maturidade.

Dizem os sábios que nós vivemos de ciclos, de "ondas existênciais". 2011 chega daqui a pouco menos de 5 horas, a maré recuou e está subindo novamente. É hora de preparar as armas, sentir o vento e a maresia, abraçar os amigos e os bons fluidos, e seguir.

Um brinde a todos vocês.

p.s.: essa provavelmente será a última postagem deste blog que aparecerá do jeito como vocês sempre o conheceram, vem aí o Empty Spaces Chronicles 2.0, em uma nova casa, mais interativo, mais animado, e o mais importante, mais atualizado. Tenham fé e paciência, ao contrário do que parece, a alma blogueira deste sujeito não morreu.

terça-feira, 20 de julho de 2010

sobre rédeas e planos

Tempos atrás eu escrevi aqui sobre um baita fork in the road que estava se aproximando. O momento exato em que ele chega é difícil de visualizar, mas é "sentível". Todos nos passamos por forks no decorrer da nossa existência, uns conseguem identificar e refletem sobre o dito cujo, outros não, simplesmente engolem e digerem sem qualquer brainstorm.

O meu, que estava lá na esquina, agora está ali no meio do quarteirão. E se eu não estiver enxergando mal, deixou de caminhar e passou a correr na minha direção.

Pra ennfrentar os forks da vida, os seres humanos se armam como podem. Na cabeça desse ser que vos escreve, e que pensa muito além da conta, existem dois planos existenciais hipotéticos em curso, paralelos: um plano A e um plano B. O plano A vem regado a insegurança e liberdade plena, onde o "ser convexo" domina. Já o plano B traz consigo segurança e liberdade castrada, onde o "ser côncavo" dá as cartas.

O plano A é o que rege no cerne o espírito desse escriba, ganhou cara própria e delineou suas curvas há uns cinco anos atrás e vem se aprimorando, porém, como não poderia deixar de ser, foi, e é, um total fracasso, financeiramente falando.

O plano B é a "saída de emergência", um alçapão obscuro mas extremamente realista. Discreto, é trabalhado com má vontade desde o início da faculdade. Mais como "prestação de contas" para família do que qualquer outra coisa. Uma espécie de consolo pragmático pra uma consciência cheia de si.

A grande questão é: ambos os planos ainda não se perfizeram, e ambos são as únicas alternativas de uma total tomada de rédeas da existência. No caso do plano B, de imediato, no plano A, de forma diferida. A independência, o adulto hipoteticamente completo.

Até recentemente, o plano A, o plano do cerne do espírito, estava na dianteira. Mas nessa troca de semestre tudo mudou. O plano B, tudo leva a crer, tomou a dianteira, e fez com que o meu fork parasse de caminhar e começasse a empreender uma bela corrida.

Desde o dia onze deste mês, 29 anos nas costas. Plano A ou plano B, uma decisão crucial terá de ser tomada a curto prazo. E as perguntas pipocam. Se o plano B chegar antes, o que será do espírito? Uma vez no plano B, conseguirei voltar para o A, é possível? Em quanto tempo o plano A me dará as rédeas?

Enfim, temos aí  de 5 a no máximo 12 meses para botar o espírito na ponta. Desejem-me sorte.

domingo, 4 de julho de 2010

a donzela é a mesma

O lance agora é arranjar motivos pra máquina de guerra norte-americana continuar o seu giro econômico. O alvo da vez: o Irã. O principal argumento: aqueles maluquetes muçulmanos radicais ameaçam o "mundo livre" com o iminente desenvolvimento e mais do que provável lançamento de uma bomba atômica na cabeça dos vizinhos israelenses (que por sinal, nunca negaram ter a sua própria bombinha pra jogar na cabeça de anti-sionistas mais exaltados, ou quem sabe em cima de barcos de ajuda humanitária mais atrevidos).

De tempos em tempos, eu gosto de me lembrar que essa mesma máquina, quando ela ainda era uma mocinha novilha, foi responsável pelo único lançamento de bombas nucleares na cabeça de seres humanos. Mais precisamente, numa ilha chamada Japão. O ano era 1945. O número de cabeças pulverizadas girou algo em torno de 220 mil (140 mil em Hiroshima e 80 mil em Nagazaki), cálculo por baixo, sem contar as consequentes mortes por sequelas.

Na época a moçoila argumentou que era um "mal necessário" para acabar com a Segunda Guerra Mundial. Mas como diria aquele saudoso advogado de um antigo programa da televisão tupiniquim, há controvérsia.

Agora vem a público que essa mesma donzela, numa época em que ela vivia às turras com certos senhores russos, lançou sobre as nossas cabeças algumas bombinhas de teste pra provocar e amedrontar estes mesmos senhores. Assim, coisa boba, na surdina. Dê uma olhadela (para acessar a reportagem completa e assistir ao vídeo clique em "more on npr.org"):

(Source: NPR Credit: Reporter: Robert Krulwich, Producers: Jessica Goldstein, Maggie Starbard Supervising producers: Vikki Valentine, Alison Richards Production Assistant: Ellen Webber Researcher: Meagen Voss)

É aquela história, os dados são jogados novamente, os tempos são outros, as condicionantes são outras, mas é importante fazer notar que a donzela é a mesma, exatamente a mesma.

domingo, 30 de maio de 2010

do deslumbramento sincero e vital

(*)

Porque é preciso sonhar.
Porque eles nos pegam, e se concretizam.
Porque é assim que nos equilibramos sobre a onda mais alta.
Porque nós mudamos.
Porque volta-e-meia ajustamos os controles em direção ao sol.
Porque a razão para o que somos é mais simples do que imaginamos.
Porque nós somos um jardim, um parque.
Porque quebramos muros.
Porque escutamos os ecos dos nossos próprios medos.
Porque os espaços vazios são preenchidos.
Porque nos reconhecemos nos olhos de todos os desconhecidos.
Porque temos um bravo coração.
Porque o tempo é uma ficção da luz.
Porque a música rege o universo.
Porque nossa mente é um mistério.
Porque a empatia é mágica.
Porque um dia viramos pó.
Porque sempre viajamos através das galáxias.
Porque é preciso sonhar, mesmo que escondido de nós mesmos.

Texto meu publicado no longíquo 20 de julho de 2005 no fotolog de uma amiga, em face de um pedido da moça na busca de algo pra dizer no "Dia do Amigo". Eu nem me lembrava mais do dito cujo, mas ontem a doutora Kelly Esther trouxe, junto com a postagem, a memória de um tempo em que as possibilidades eram infinitas, o deslumbramento era sincero e vital, e o peito se enchia de ar com uma facilidade estrondosa.

(*) "...a linda foto da janela do apartamento dele numa tarde de chuva fina junto com pôr-do-sol, em Campinas-SP." (Kelly Esther)

terça-feira, 4 de maio de 2010

Top Blog disse: vai lá e posta

Minha intenção era só tirar este blog da "hibernação" quando estivesse residindo em casa nova. Porém, esses dias recebi um e-mail da premiação TOP BLOG dizendo que meu espaço foi indicado na já conhecida concorrência, versão 2010. Eu entendi a mensagem como um "larga a mão de frescura e preguiça e volta a escrever lá no seu blog".

Ano passado já havia participado da premiação com o blog local e também através do 1001 Covers Para Se Ouvir Antes de Morrer, na colaboração. Sendo que este último conseguiu um destaque ficando entre os TOP 100 dos internautas votantes.

Pois então vamos lá, levantar a poeira virtual e trazer um pouco de caracteres pensativos pra esse vazio cibernético. E claro, se você conhece, acompanha, simpatiza, dá uma força, quer ver crescerem fortes e bonitos, acha legaizinhos esse dois blogs. Vota em nóis!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Lua, Sol, luminosidade..


Veja: - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso definiu a senhora como uma lua política sem luz própria girando em torno e dependente do carisma ensolarado do presidente Lula. Como a senhora pretende firmar sua própria identidade?

Dilma Rousseff: - Não considero apropriado discutir luminosidade com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Essa eleição promete bons debates políticos, só quero ver como vai ser a coisa na TV. Vou até marcar os horários certinho, pegar o refri e estourar uma pipoca.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

I know, dear friend


Dear friend, what's the time?
Is this really the borderline?
Does it really mean so much to you?
Are you afraid, or is it true?

Dear friend, throw the wine,
I'm in love with a friend of mine.
Really truly, young and newly wed.
Are you a fool, or is it true?

Are you afraid, or is it true?

(de Paul McCartney para John Lennon - 1971)



The years have passed so quickly
One thing I've understood
I am only learning
To tell the trees from the wood

I know what's coming down
And I know where it's coming from
And I know and I'm sorry (yes I am)
But I never could speak my mind

And I know just how you feel
And I know now what I have done
And I know and I'm guilty (yes I am)
But I never could read your mind

I know what I was missing
But now my eyes can see
I put myself in your place
As you did for me

Today I love you more than yesterday
Right now I love you more right now

And I know what's coming down
I can feel where it's coming from
And I know it's getting better (all the time)
As we share in each other's minds

Today I love you more than yesterday
Right now I love you more right now
Ooh hoo no more crying
Ooh hoo no more crying
Ooh hoo no more crying
Ooh hoo no more crying

(de John Lennon para Paul McCartney - 1973)

 
 ***


Amizade

Acepções

■ substantivo feminino
1    sentimento de grande afeição, de simpatia (por alguém não necessariamente unido por parentesco ou relacionamento sexual)
1.1    grande apreço, solidariedade ou perfeito entendimento entre entidades, grupos, instituições etc.
2    reciprocidade de afeto
3    Derivação: por metonímia.
     aquele que é amigo, companheiro, camarada
4    relacionamento social (mais us. no pl.)
5    concordância de sentimentos ou posição a respeito de algum fato; acordo, pacto, aliança
6    apego (de alguns animais) pelo homem
7    Uso: informal.
     atitude ou gesto de benevolência, de complacência

8    Diacronismo: antigo.
     estado de concubinato; mancebia
9    Regionalismo: Brasil. Uso: informal.
     us. como interlocutório pessoal
Ex.: ei, não vá com tanta pressa, a.!


Locuções

a. colorida
Regionalismo: Brasil. Uso: informal.
relacionamento amoroso e sexual, ger. passageiro, sem compromisso de estabilidade ou fidelidade
Obs.: cf. amizade-colorida
a. de barca, de caminho ou de passagem
Regionalismo: Portugal.
de breve duração; passageira
nossa a.
Regionalismo: Brasil. Uso: informal.
meu amigo, meu camarada, meu chapa (us. como interlocutório pessoal)
 

Etimologia

lat. vulg. *amicìtas,átis, por amicitìa,ae 'amizade, afeição, simpatia, aliança, pacto', de amícus,i 'amigo'; ver am(a)-; f.hist. 1188-1230 amiçade, sXIII amizade, sXIV amyzada, sXV amizidade, sXV amiizade


(fonte: Houaiss)


***

Pois é, este blog não morreu, e vai começar o ano com o que realmente importa.

p.s.: it's good to be back.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

o Natal como engodo e os "fuckin' lazy nerds"

A maioria das manifestações sobre as festanças de fim de ano na internet e mais especificamente na blogosfera trazem consigo uma certa rabugice. Isso é consequência direta do fato do povo que "forma opinião" no meio ser dominado por nerds e seres não muito chegados a uma sociabilidade mais abrangente.

Minha avó, sua tia, aquele primo "amigão", todos estão lá curtindo a data. Nem que seja majoritariamente pra encher a cara, ficar falando mal dos outros e provocando a quietude alheia, eles estão minimamente (cientes ou não) sintonizados com o "espírito natalino".

Eu me considero um agnóstico. Não acho que Jesus seja uma sombra divina que irá resolver todos os nossos problemas e remediar todos os nossos sentimentos de culpa história adentro (aliás, suspeito que "Ele" pregava justamente o contrário), não sei nem se ele realmente foi um sujeito histórico,  mas sei que ele é cultura, é uma representação simbólica da nossa civilização, e está aí acompanhando o nosso fim de ano com firmeza há séculos.

Por essas e outras não consigo colocar o Natal como um engodo escroto do nosso calendário. Virou uma data de ode ao consumismo, é fato, mas resumi-la a isso ou a uma data reservada ao único e exclusivo despejo dos nossos sentimentos mais hipócritas é forçar a barra.

O homem é por natureza um animal social, isso já virou clichê e estamos carecas de saber. Viver, para nós, implica em encararmos o monstro da sociabilidade. Em nos relacionarmos com os outros de uma forma mais abrangente em algumas datas específicas.

Pode ser dolorido, pode ser mais difícil para alguns, mas é assim que a roda gira.

Existem sim os problemas familiares, existem sim as fraturas e fendas psicológicas profundas. Mas aqui eu nem me refiro a esses casos, e nem faço apologia do tapinha-filha-da-mãe-hipócrita-nas-costas, refiro-me àquelas famílias mais ou menos equilibradas, onde virou moda falar mal do Natal por uma pura, simples, e escrota "preguiça existencial" para com o outro.

É pra esses que eu deixo a mensagem: let´s do the social, you fuckin' lazy nerds!