Já temos aí algo em torno de 15 anos de leitura quase diária do calhamaço do senhor Otavio Frias Filho. Credito boa parte do que eu sou hoje, em vários aspectos, à companhia desse jornal. Meu gosto pela leitura, pela redação, pela escrita, meu senso crítico. Enfim, eu formei minha personalidade e tudo que vem com ela tendo a Folha do meu lado, ali em cima da mesa, do sofá, na cama, ou no cesto de revistas.
Uma das coisas que me intriga no momento é saber o que se passa, que tipo de metamorfose ocorre dentro daquele prédio idoso da Alameda Barão de Limeira no centrão da capital paulista. Pois a Folha não é mais a mesma. Não digo na sua essência, mas no seu "modus operandi".
Nunca me enganei com a propaganda de pretensa imparcialidade jornalística do jornal. Ao contrário de outros jornalões como O Estadão e O Globo que sempre adotaram de forma clara uma certa posição ideológica, a Folha sempre se postou como uma espécie de bastião de imparcialidade dentro do jornalismo nacional.
Quem mergulha com um pouco mais de profundidade no mundo das notícias e as analisa com um certo senso crítico sabe que não existe imparcialidade nem neutralidade jornalística total. Em que pese toda a dinâmica do jornalismo girar em torno do que no Direito costumamos chamar de "verdade real", ela é uma pobre coitada que fica perdida em meio ao jogo de interpretações e argumentos, sem qualquer possibilidade de ser escancarada e desnudada por completo. Sempre foi assim, e sempre será.
Digo isso porque, independentemente dessa postura editorial enviesada de um certo ar de hipocrisia que o jornal sempre teve, a Folha nunca havia abandonado um trabalho plural e investigativo de primeira linha dentro do seu corpo de jornalistas. E coloco a locução verbal no passado porque os tempos realmente são outros.
Alguns críticos dizem que a Folha apenas está deixando "cair a máscara" e que esses "deslizes ideológicos" sempre ocorreram. Concordo até certo ponto. Mas eu não sei se é só isso. Acho que houve também, de alguns anos pra cá, uma queda de qualidade mesmo, proposital ou não, visando manter a sobrevida do jornal em tempos de vacas magras do jornalismo impresso. Procurando algo como uma "sectarização" e fidelização dos leitores. Algo aliás que talvez já tenho vindo tarde.
Só isso explica uma manchete de capa do último domingo do jornal, com uma longa reportagem interna:
"Grupo de Dilma planejava sequestrar Delfim".
Vale a pena dar uma lida no trabalho da jornalista Fernanda Odilla e comparar com a carta-resposta divulgada pelo entrevistado no dia seguinte à publicação da reportagem: resposta do jornalista e professor Antonio Roberto Espinosa, via Blog do Luis Carlos Azenha.
Vale também uma espiada na troca de e-mails feita no início dessa semana entre o entrevistado e um jornalista representante da Folha.
Sigo lendo matinal e diariamente (sempre que possível) a dita "Folha da Manhã", mas com um leve e incipiente desgosto cerebral. A Folha está ainda a milhões de léguas de distância de monstruosidades como a Revista Veja, obviamente. Mas é bom eles tomarem cuidado e instituirem uma pausa esporádica para reflexão. Pois a coisa começou a desandar. Pesemos o que vale mais: Um punhado de leitores fiéis ou um nome (ainda digno) a ser zelado?
Uma das coisas que me intriga no momento é saber o que se passa, que tipo de metamorfose ocorre dentro daquele prédio idoso da Alameda Barão de Limeira no centrão da capital paulista. Pois a Folha não é mais a mesma. Não digo na sua essência, mas no seu "modus operandi".
Nunca me enganei com a propaganda de pretensa imparcialidade jornalística do jornal. Ao contrário de outros jornalões como O Estadão e O Globo que sempre adotaram de forma clara uma certa posição ideológica, a Folha sempre se postou como uma espécie de bastião de imparcialidade dentro do jornalismo nacional.
Quem mergulha com um pouco mais de profundidade no mundo das notícias e as analisa com um certo senso crítico sabe que não existe imparcialidade nem neutralidade jornalística total. Em que pese toda a dinâmica do jornalismo girar em torno do que no Direito costumamos chamar de "verdade real", ela é uma pobre coitada que fica perdida em meio ao jogo de interpretações e argumentos, sem qualquer possibilidade de ser escancarada e desnudada por completo. Sempre foi assim, e sempre será.
Digo isso porque, independentemente dessa postura editorial enviesada de um certo ar de hipocrisia que o jornal sempre teve, a Folha nunca havia abandonado um trabalho plural e investigativo de primeira linha dentro do seu corpo de jornalistas. E coloco a locução verbal no passado porque os tempos realmente são outros.
Alguns críticos dizem que a Folha apenas está deixando "cair a máscara" e que esses "deslizes ideológicos" sempre ocorreram. Concordo até certo ponto. Mas eu não sei se é só isso. Acho que houve também, de alguns anos pra cá, uma queda de qualidade mesmo, proposital ou não, visando manter a sobrevida do jornal em tempos de vacas magras do jornalismo impresso. Procurando algo como uma "sectarização" e fidelização dos leitores. Algo aliás que talvez já tenho vindo tarde.
Só isso explica uma manchete de capa do último domingo do jornal, com uma longa reportagem interna:
"Grupo de Dilma planejava sequestrar Delfim".
Vale a pena dar uma lida no trabalho da jornalista Fernanda Odilla e comparar com a carta-resposta divulgada pelo entrevistado no dia seguinte à publicação da reportagem: resposta do jornalista e professor Antonio Roberto Espinosa, via Blog do Luis Carlos Azenha.
Vale também uma espiada na troca de e-mails feita no início dessa semana entre o entrevistado e um jornalista representante da Folha.
Sigo lendo matinal e diariamente (sempre que possível) a dita "Folha da Manhã", mas com um leve e incipiente desgosto cerebral. A Folha está ainda a milhões de léguas de distância de monstruosidades como a Revista Veja, obviamente. Mas é bom eles tomarem cuidado e instituirem uma pausa esporádica para reflexão. Pois a coisa começou a desandar. Pesemos o que vale mais: Um punhado de leitores fiéis ou um nome (ainda digno) a ser zelado?
3 comentários:
Comecei a ouvir comentários nesse sentido com relação à Folha já no ano passado. Eu continio lendo o Folha On Line, mas a pulga atrás da orelha já começa a se reproduzir...
Venho lendo algumas coisas sobre isso e arre, fico bege. É cada uma...
Já comentei sobre uma professora minha que trabalhava na Folha Ilustrada, mas preferia ler a cobertura política do Estadão? Ela dizia que não gostava da forma como a Folha fazia esse tipo de cobertura.
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